Os males da liberdade se corrigem com mais liberdade!

I should have loved freedom, I believe, at all times, but in the time in which we live I am ready to worship it.
- Democracy in America - Volume 2, Alexis de Tocqueville - Sever and Francis, 1864

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Mais um texto irretocável de Reinaldo Azevedo

Um texto da Agência Brasil e vários absurdos — inclusive o jornalístico!:


Vannuchi vai procurar PSDB depois das eleições para aprovar Comissão da Verdade

O texto abaixo é da Agência Brasil, o órgão oficial de notícias. Integra as Organizações Tabajara do oficialismo lulo-delirante. Como eles querem demonstrar que são mais cuidadosos do que as asquerosas empresas privadas que lidam com a informação - aquelas que Marxilena Oiapoque diz buscarem apenas os lucros, as reportagens vêm com a assinatura do autor e do editor - no caso, respectivamente, Gilberto Costa e Lílian Beraldo. Leiam com atenção. Volto em seguida:
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Passado o segundo turno das eleições, no próximo domingo (31) e a dois meses do término do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Secretaria de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, quer iniciar uma cruzada para a aprovação do Projeto de Lei (PL) 7.376/10, que cria a Comissão Nacional da Verdade, para apurar as violações de direitos humanos ocorridas durante a ditadura militar (1964-1985).

Para aprovar o projeto, Vannuchi está disposto a negociar com o PSDB e disse que tem agendada uma conversa domingo à noite com o advogado José Gregori, secretário de direitos humanos no governo Fernando Henrique Cardoso. “Vamos procurar [o PSDB], para que PSDB e PT votem juntos nesse tema”, disse aos jornalistas após encerrar em Brasília a cerimônia de posse do novo Conselho Nacional dos Direitos do Idoso.

De acordo com o ministro, o candidato José Serra se manifestou publicamente favorável à Comissão da Verdade em evento realizado na Universidade de São Paulo (USP), no primeiro semestre do ano. A aprovação do PL este ano aliviaria da agenda do próximo governo a tensão política que há sobre a matéria. “Tem uma grande vantagem de quem vencer as eleições, Dilma ou Serra, assumirem em 1º de janeiro com essa questão resolvida”, reconheceu Vannuchi.

Para verificar a possibilidade de tramitação do projeto ainda este ano no Congresso, o secretário de Direitos Humanos consultará o presidente Lula e o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), candidato a vice-presidente na chapa de Dilma Rousseff (PT). “Tenho dúvida se há tempo hábil para isso. Mas se houver a possibilidade, vou me empenhar para que seja aprovado esse ano”, declarou Vannuchi.

Na opinião dele, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a Lei da Anistia no final de abril, que considerou que a lei perdoou agentes de Estado que tenham cometido sequestro, tortura, estupro ou assassinato em ações de repressão durante o regime militar, favorece a tramitação do PL da Comissão da Verdade.

“Como o Supremo decidiu que não cabe punição, fica mais aberto o caminho no Legislativo para a Comissão da Verdade porque ela não vai punir ninguém”, analisou. “Quando ela [a futura comissão] apresentar ao presidente ou ao Ministério Público um relatório, ninguém poderá ser punido”, explicou ao salientar que a decisão do STF “poderá mudar”.

A presidência da Câmara encaminhou em maio o projeto de lei às comissões de Trabalho de Administração e Serviço Público; de Relações Exteriores e de Defesa Nacional; de Direitos Humanos e Minorias; de Finanças e Tributação e de Constituição e Justiça. O projeto deverá ser aprovado em comissão especial (formada por representantes daquelas comissões) e poderá ter que ser aprovado no plenário da Câmara antes de ir para o Senado. O PL tem status de “prioridade”, mas não de “urgência” com trâmite mais acelerado.

De acordo com o texto encaminhado pelo Poder Executivo, a Comissão Nacional da Verdade será integrada por sete membros, designados pelo presidente da República, “entre brasileiros de reconhecida idoneidade e conduta ética, identificados com a defesa da democracia e institucionalidade constitucional, bem como com o respeito aos direitos humanos”.

Voltei
Releiam o trecho em negrito. É uma indignidade, uma sem-vergonhice ética e uma mentira escandalosa afirmar que “a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a Lei da Anistia no final de abril considerou que a lei perdoou agentes de Estado que tenham cometido seqüestro, tortura, estupro ou assassinato”. Ou bem uma porcaria como essa está entre parênteses, indicando ser uma fala de Vannuchi, o que seria compreensível, dada a personagem, ou bem os jornalistas assumem essa barbaridade e mudam de setor: devem ser encarregados de fazer editoriais.

É um escárnio! O que o Supremo decidiu foi que a anistia não seria revista em caso nenhum e que alcançava — CONFORME ESTÁ NA LEI — todos os envolvidos nas ações políticas, de todos os lados. O Supremo não entrou no mérito dos crimes que foram ou não perdoados. Essa é uma tentativa de satanizar a decisão da corte. Esse é o absurdo jornalístico. Agora vamos à coisa em si.

Ora…
Que coisa mais tetéia, não? É claro que alas do tucanato vão cair no conto de Vannuchi, pouco importa quem vença a eleição. Ora, ele que leve adiante a sua “luta”, não é? O governo Lula tem maioria no Congresso para fazer o que bem entender nessa matéria — caso Dilma vença, então, o próximo, potencialmente ao menos, é ainda mais doce.

Vannuchi diz que os caminhos estão mais livres para a instalação da tal comissão porque o Supremo decidiu pela validade da Lei de Anistia em qualquer caso, mas, segundo ele, tal decisão pode mudar. Alguém entendeu? E quem pressiona para que isso ocorra? Ele próprio, que, até hoje, não se conformou com a posição da Corte. Logo, o que quer Vannuchi? A colaboração do PSDB para que continue na sua faina revanchista. O governo Lula rouba para si os méritos de todos os governos que o antecederam. Mas quer dividir o peso dos seus destrambelhamentos.


Quanto ao mais, vamos chamar tudo pelo nome? Vamos! Como sempre! A tal Comissão da Verdade deve ser composta por “brasileiros de reconhecida idoneidade e conduta ética, identificados com a defesa da democracia”? É? Então comecemos por trocar o ministro dos Direitos Humanos, a quem cabe gerenciar o processo. Ex-membro da ALN de Carlos Mariguella, foi, portanto, um seguidor daquele “Manual da Guerrilha”, que é um manual de terrorismo. Ok, eu sou aquele que defende anistia para todos (Vannuchi é que não defende), e as pessoas podem mudar. Ocorre que ele nunca fez mea-culpa de coisa nenhuma! Ao contrário: continua a achar, em seus pronunciamentos, que se fez, naquele passado, uma luta do bem (onde ele estava, com o manual do terrorismo e tudo) contra o mal.

Sei que falar com clareza, sem fazer uma só acusação falsa — porque não faço — deixa muita gente brava. Mais: que compromisso tem com a “ética” quem trata a legalização do aborto, sem mais nem aquela, como um “direito humano”? Pode ser qualquer coisa, “direito humano” não é! Ou se igualaria ele ao direito à vida, e já não haveria, pois, mais diferença entre estes dois extremos: “morte” e “vida”?


Havendo boas respostas para isso — e me xingar é inútil porque não enfrenta as questões de que trato —, eu juro que as publico.

Encerro
À Agência Brasil, uma cobrança técnica, profissional, que independe de gosto: é precioso corrigir aquela barbaridade em negrito. Ou bem se deixa claro que é uma fala do ministro (se for…) ou bem se tira de lá uma afirmação escandalosamente mentirosa. E isso nada tem a ver com a minha ideologia ou com a ideologia da Agência Brasil ou do repórter e seu editor. Trata-se apenas da diferença entre a mentira e a verdade. Com aspas, seria uma mentira de Vannuchi. Sem aspas, é uma mentira da Agência Brasil.

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