Os males da liberdade se corrigem com mais liberdade!

I should have loved freedom, I believe, at all times, but in the time in which we live I am ready to worship it.
- Democracy in America - Volume 2, Alexis de Tocqueville - Sever and Francis, 1864

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Ainda que fôssemos menos de 1% não calaríamos

Nós, os 4%. Mas podem chamar de 49%
2 de outubro de 2010

O Brasil é um país dividido ao meio.
Dizem que somos 4%. Eu, pessoalmente, até gosto disso. É bom o gostinho de ser a ínfima minoria que não concorda com a banda dos contentes. É bom ser da turma de Bertold Brecht, de Marlene Dietrich – e não dos 90 e sei lá quantos por cento que aplaudiam Hitler. É bom ser da turma de Sakharov, de Soljenitsin, de Pasternak, e não dos 90 e sei quantos por cento que aplaudiam o stalinismo.
Mas dizer que somos 4% é falácia, é mentira. Somos em torno de 50%. Às vezes somos 54%, às vezes 48%.
O Brasil é um país dividido ao meio. Exatamente como os Estados Unidos, como o Chile. Um pouco como a França, a Itália, a Espanha, Portugal.
Somos um país dividido ao meio pelo menos desde 1994. Naquele ano, Fernando Henrique venceu Lula no primeiro turno com 54,3% dos votos válidos. Em 1998, Fernando Henrique venceu Lula também no primeiro turno com 53,1% – de novo, pouco mais que a metade. Pertinho da metade.
Em 2002, Lula passou para o segundo turno com 46,4% dos votos. Depois de quatro anos de muita bolsa para os pobres, os menos informados, passou para o segundo turno com 48% dos votos.
Depois de oito anos em que, em vez de presidente da República, Lula foi orador de comícios, fez um discurso por dia (cacilda: são cerca de 2.900 discursos!), conquistou o fantástico, incrível apoio de 80% da população, e dedicou todo santo dia de seus magníficos 80% de aprovação, ao longo dos dois últimos anos, a propagandear sua candidata poste, sua candidata poste tem metade das intenções de voto.
Exatamente a metade.
Nesta véspera do dia da eleição, não dá para saber se haverá segundo turno ou não. Dilma pode levar já, ou pode não levar já. O que os institutos de pesquisa mostram é que ela tem em torno de 50% das intenções de voto.
Exatamente a metade.
Se não me engano, a expressão “os 4%” foi cunhada pelos tais “blogueiros progressistas”. Ou petralhas – dá na mesma. Acham que com essa expressão estão nos ridicularizando, mostrando nossa pequenez. Como se pudesse haver pequenez em quem vai contra a maré dos populistas, dos ditadores, dos absolutistas. Como se pudesse haver pequenez em Brecht, Dietrich, Sakharov, Soljenitsin, Pasternak, Hélio Bicudo, dom Paulo Evaristo Arns.
Estão errados, os “blogueiros progressistas”. Não somos 4%. Somos em torno de 50%. Depois de oito anos de todo tipo de desfaçatez, de roubalheira, de falta de vergonha, de mensalão, de Bolsa Família, de Bolsa BNDES, de agressão às leis eleitorais, à Justiça, à independência do Legislativo, de cooptação à base de grana preta de sindicatos e entidades de estudantes, de aparelhamento do Estado, de privatização do patrimônio público pelos companheiros e suas famílias extensas, de 2.900 discursos do pai da pátria que acha que nada existiu, de Cabral até hoje, a não ser ele mesmo, e que conquistou incríveis, absurdos, fantásticos 80% de aprovação, somos em torno de 50%.
Amanhã poderemos provar que somos 51% – maravilha. Ou então que somos 49% – e que Deus se apiede do Brasil.
fonte:http://blog-bymel.blogspot.com/2010/10/nos-os-4.html#links

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