Há dois momentos na relação do PT e do governo Lula com o que os petistas chamam “mídia”: pré e pós-Franklin Martins. Escreverei mais tarde a respeito, detalhando como se dava essa convivência nos anos 90.
Desde a chegada de Lula ao poder, uma certa tensão se estabeleceu. O partido passou a exigir que os jornalistas se comportassem — ou continuassem a se comportar (vocês verão por quê) — como “companheiros”, como militantes: “notícia” eram só aquilo que beneficiava o PT e prejudicava seus adversários. O contrário passou a ser visto como sabotagem. Jornalista que não rezasse segundo a cartilha era só um pau mandado do patrão.
O princípio, como se vê, já era um primor de autoritarismo, mas era operado de maneira mais ou menos rudimentar. Quem profissionalizou o processo de premiar os mansos, omissos e cooptados e hostilizar os que se dedicam a fazer um trabalho realmente isento foi Franklin Martins.
É ele quem dá o grito de guerra contra a mídia e resolve mobilizar a máquina contra os veículos considerados hostis. Demitido da Globo, levou para dentro do governo o seu rancor. Deu dimensão prática à confrontação que o PT fazia só no terreno da ideologia: comandando uma máquina verdadeiramente bilionária — considerando todo o dinheiro sobre o qual tem influência —, demonstrou que ser governista traz benefícios e que fazer jornalismo não compensa.
A manifestação do partido e de sindicatos contra o trabalho da imprensa tem origem nesse espírito. Alguns dos que puxam o coro contra o jornalismo independente ou estão na folha de pagamentos da Lula News ou recebem verba publicitária de estatais — ou as duas coisas.
Franklin prepara um pacote de “propostas” para pôr em prática o “controle social da mídia”. Mais de uma pessoa já o viu excitado — uma excitação à moda Franklin, bem pequenina, já que ele é muito cerebral — com o que se passa na Argentina. Nos porões do Palácio do Planalto, considera-se o método Cristina Kirchner mais hábil do que o método Hugo Chávez. Ela teria conseguido dar uma aparência de legalidade ao arreganho fascistóide contra a imprensa.
Franklin Martins é o espírito que anima o grito em favor da censura no Brasil. O nome dele é Franklin Martins.
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