22/09/2010
Lula é acusado de autoritário em ato pró-democracia
Eduardo Anizelli/Folha
Realizou-se nesta quarta (22), em São Paulo, um ato público que teve na figura de Lula seu principal alvo.
A coisa aconteceu no parlatório defronte da Faculdade de Direito Largo São Francisco. Reuniu juristas, intelectuais e políticos de oposição.
O ponto alto da reunião foi a leitura de um documento intitulado “Manifesto em Defesa da Democracia”. Levada à web, a peça foi aberta a adesões.
Coube ao advogado Hélio Bicudo ler o texto. Ex-vice-prefeito de São Paulo na gestão de Marta Suplicy, Bicudo é ex-petista.
Ajudou a fundar o partido de Lula. Deixou a legenda em 2005, desgostoso com o escândalo do mensalão.
Antes mesmo de ler o manifesto, Bicudo cuidou de explicar sua presença no ato.
Disse que Lula "tenta desmoralizar a imprensa e todos aqueles que se opõem ao seu poder pessoal".
Acrescentou: “Estamos à beira do perigo de um governo autoritário, que vai passar por cima, como já está passando, da Constituição e das leis".
Depois, despejou o manifesto sobre o microfone. A certa altura, soou assim:
"É intolerável assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político, máquina de violação de sigilos e de agressão a direitos individuais..."
"...É inaceitável que a militância partidária tenha convertido os órgãos da administração direta, empresas estatais e fundos de pensão em centros de produção de dossiês contra adversários políticos".
Além de Bicudo, foram ao Largo São Francisco três ex-ministros da Justiça da gestão FHC: José Gregori, Miguel Reale Júnior e José Carlos Dias.
Lá estevam também Paulo Brossard, ex-senador e ex-ministro do STF Paulo Brossard; e Dom Paulo Evaristo Arns, ex-arcebispo de São Paulo. Entre os políticos, Roberto Freire, presidente do PPS.
Organizado às pressas, o ato foi uma resposta prévia a outra manifestação, marcada para esta quinta (23).
Dirigentes de centrais sindicais, de movimentos populares e de legendas governistas farão um protesto contra o que chamam de “golpismo midiático”.
Acusam a imprensa de tomar o partido de José Serra, contra Dilma Rousseff.
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